REFLEXÕES SOBRE A NEUROCIÊNCIA E A EDUCAÇÃO MATEMÁTICA NO ENSINO FUNDAMENTAL: ESTUDO ENVOLVENDO ESTUDANTES COM TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO

SILVIA CRISTINA COSTA BRITO

Resumo


A educação de uma criança com Transtorno do Espectro do Autismo - TEA pode ser um desafio para profissionais da Educação. Neste contexto, apresenta-se os resultados de uma pesquisa de doutorado, cujo objetivo é investigar como conceitos matemáticos, abordados no Ensino Fundamental, podem ser (re)construídos a partir de pressupostos da Neurociência com estudantes com TEA. Para tanto, antes de se iniciar qualquer processo de ensino com estes estudantes, é preciso analisar primeiramente as suas características, quais são suas maiores dificuldades e suas habilidades. No contexto da pesquisa aqui apresentada, foram realizadas intervenções apoiadas nos estudos da Neurociência, considerando o desenvolvimento das funções mentais e cerebrais, com ênfase no campo da atenção e memória. A Neurociência e a Pedagogia, em conjunto, podem oferecer potencialidades para o desenvolvimento, respeitando suas especificidades, em especial relacionadas ao processamento matemático, que abrange uma série de funções cognitivas complexas do sistema nervoso central. Este trabalho, contemplando um estudo de caso, envolveu professoras e monitoras, além de dois estudantes com Transtorno do Espectro do Autismo, um com grau leve e outro com grau moderado, buscando compreender o desenvolvimento do processo de contagem, tendo como ponto de partida os esquemas protoquantitativos e os princípios de contagem. As intervenções aconteceram no Laboratório de Aprendizagem, de uma escola privada de ensino regular. Ao longo da pesquisa, foram trabalhados jogos e atividades que visavam auxiliar nas condições da estrutura de pensamento, aprendizagem, retenção e compreensão, além da aplicação das provas piagetianas, que objetivaram integrar os aspectos do desenvolvimento cognitivo. Também foram realizadas algumas atividades de treino de: memória imediata e tardia, memória visual e atenção, coordenação visuoespacial, coordenação motora fina e visomotora, discriminação visual e números, rastreamento visual e sequência numérica, atenção e cálculo. Nesta pesquisa, utilizou-se a abordagem qualitativa por meio da análise descritiva interpretativa, com enfoque exploratório e descritivo das experiências no contexto educacional dos participantes da investigação. Considerouse que os resultados do estudo inferem que estes estudantes respondem melhor à proposta de trabalho por meio de estratégias e recursos de estímulos visuais, exercendo melhor controle atencional para a aprendizagem. Percebe-se que houve um avanço nas habilidades construídas pelas crianças. Percebeu-se a importância do diálogo entre Neurociência aliada à Educação, fundamentada nos conhecimentos neurocientíficos numa abordagem neurobiológica correlacionando o cérebro e a matemática. Entender como a criança aprende e como os conhecimentos da Neurociência podem contribuir no seu desenvolvimento cognitivo, poderá auxiliar a prática pedagógica do professor em sala de aula, potencializando a aprendizagem dos estudantes, favorecendo intervenções diferenciadas, considerando as especificidades de cada aluno, além de promover possibilidades de novas formas de aprendizagem por meio da modificabilidade cognitiva. Diante disso, entende-se que o processo de inclusão escolar pode-se efetivar com os estudantes percebendo-se protagonistas na construção de seu próprio conhecimento.

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