DEFICIÊNCIA VISUAL E A EDUCAÇÃO MATEMÁTICA: ESTUDO SOBRE A IMPLEMENTAÇÃO DE TECNOLOGIA ASSISTIVA

Maria Adelina RAUPP SGANZERLA

Resumo


A inclusão é um direito assegurado pela Constituição Federal do Brasil, garantindo a
matrícula em escolas a todas as crianças independentemente de sua condição física
ou mental. Em razão disso, faz-se necessário que os envolvidos na educação
estejam atentos e adaptados às mudanças e desafios apresentados diariamente.
Com a constante inserção de estudantes cegos e/ou com baixa visão nas escolas
regulares do País na Educação Básica, é importante criar e/ou adaptar metodologias
e equipamentos capazes de auxiliar no desenvolvimento intelectual e social desses
alunos. Diante dessa perspectiva, constitui-se a pesquisa, junto ao LEI (Laboratório
de Estudos de Inclusão) vinculada ao PPGECIM (Programa de Pós-Graduação em
Ensino de Ciências e Matemática), tendo como linha de pesquisa a Educação
Inclusiva em Ensino de Ciências e Matemática, que busca contribuir no processo de
inclusão escolar referente ao uso de recursos de Tecnologia Assistiva no ensino da
Matemática. Como questionamento de pesquisa foi definido: Como se constitui o
processo de implementação de Tecnologia Assistiva considerando a deficiência
visual na perspectiva da educação matemática do Ensino Fundamental?. O objetivo
geral foi de investigar o processo de implementação de Tecnologia Assistiva
considerando a deficiência visual na perspectiva da educação matemática,
apoiando-se nos objetivos específicos: (a) Investigar as potencialidades da
Tecnologia Assistiva no ensino da Matemática; (b) Investigar como professores
ensinam conceitos matemáticos aos estudantes com deficiência visual; (c)
Implementar Tecnologia Assistiva para o ensino de conceitos matemáticos aos
estudantes cegos e/ou de baixa visão. A investigação realizada é qualitativa e a
análise dos dados foi inspirada na Análise Textual Discursiva, consistindo em
observações em sala de aula regular e no Atendimento Educacional Especializado,
filmagens, entrevistas, fotografias e análise das atividades realizadas pelos
estudantes. A investigação in loco compreendeu o período de 2015 a 2018, tendo
como participantes da pesquisa cinco estudantes com deficiência visual, dois cegos
e três com baixa visão; e cinco professoras, três do Atendimento Educacional
Especializado; e duas da sala de aula regular, de uma escola inclusiva da região
metropolitana de Porto Alegre. Dos resultados, observados a partir dos metatextos,
emergem duas categorias: (a) Ação dos docentes que ensinam matemática; (b)
Processo de construção de conhecimentos dos estudantes. A análise dos resultados
aponta que a Tecnologia Assistiva é fundamental para a aquisição de
conhecimentos matemáticos por parte dos alunos, pois a restrição de visão, exige
que materiais e equipamentos sejam adaptados, salientando os sentidos
remanescentes, como o tato e a audição. Com relação a construção do número pela
criança, foi possível inferir que os professores que fazem uso da Tecnologia
Assistiva, obtém respostas significativas por parte dos estudantes na efetivação
desse conceito, pois além de despertar a curiosidade e o interesse, auxiliam na
restrição visual. A formação continuada dos professores na área da inclusão e o
acesso as tecnologias está se consolidando, cabendo aos professores, gestores de
escolas e administração pública incentivarem a busca por novos recursos
educacionais. Infere-se, neste contexto, que a tese propicie reflexões críticas sobre
o uso de Tecnologia Assistiva na educação inclusiva, bem como o desenvolvimento
de novas propostas de Tecnologia Assistiva.


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