OS JOVENS, AS CIÊNCIAS E OS DESAFIOS AMBIENTAIS: OPINIÕES, INTERESSES E ATITUDES DOS ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO DO MUNICÍPIO DE CANOAS/RS

CRISTINE SANTOS DE SOUZA DA SILVA

Resumo


Esse trabalho apresenta os resultados de uma pesquisa acerca das opiniões, interesses e atitudes dos jovens da Geração Z frente às ciências e os desafios ambientais. Realizado por meio de um estudo de caso na cidade de Canoas/RS, a pesquisa contou com a participação de 1.331 estudantes que, no ano de 2017, cursavam o ensino médio em 19 escolas localizadas no município de Canoas/RS. A metodologia envolveu a aplicação do questionário Barômetro Brasil, criado pelo Projeto SAPIENS no ano de 2014, resultado da adaptação do questionário internacional ROSE - The Relevance Of Science Education. Como a pesquisa possui caráter quantitativo, para a análise dos dados foram realizados testes estatísticos considerando diferentes contextos relacionados ao sexo dos jovens, ao ambiente escolar e ao nível socioeconômico-cultural. Como resultado, observou-se que apesar dos jovens admitirem que gostam de suas aulas e atribuírem relevância a seus conteúdos, eles não consideram o que aprendem em aula em suas atitudes de consumo. Os jovens apresentaram grande preocupação ambiental e também demonstraram estar conscientes da sua responsabilidade em relação aos desafios ambientais, contudo são assumidamente consumistas e embora cientes acerca das práticas relacionadas à sustentabilidade, reconhecem que não as praticam em seu cotidiano. Em relação aos contextos analisados, percebeu-se que as principais interferências nos resultados relacionam-se ao sexo e ao tipo de escola. Observou-se que meninos e meninas se interessam por áreas científicas diferentes e apresentam posturas constrastantes em relação aos desafios ambientais, sendo as meninas mais eco-cêntricas e os meninos mais eco-individualistas, contudo são as meninas as mais consumistas. Observou-se também que os jovens das escolas particulares e de nível socioeconômico-cultural médio/alto possuem maior interesse em aprender ciências e são mais bem informados sobre o que a sustentabilidade
significa e quais são seus princípios. Em contrapartida, os jovens da escola particular demonstraram ser mais consumistas e mais eco-individualistas do que os jovens das escolas públicas. Em relação ao interesse pela carreira científica, a hipótese de se tornar um cientista foi amplamente rejeitada pelo jovens em todos os contextos analisados, apesar disso, foi observado nos meninos e nos estudantes da escola pública maior interesse em ter um emprego que lide com tecnologia avançada. Diante desse cenário, conclui-se desse trabalho que é necessário que o ensino de ciências se renove, de forma que fique mais atraente aos jovens e acompanhe as constantes mudanças que a cada geração de jovens são percebidas. É preciso tornar o ensino de ciências relevante e contextualizado à realidade dos jovens, de forma que seus pressupostos possam fazer sentido aos estudantes e contribuam para que eles possam exercer sua cidadania em meio ao mundo altamente científico e tecnólogico em que vivem e também para que se tornem mais críticos e conscientes das suas responsabilidades em relação ao ambiente e à sustentabilidade planetária.
Palavras-chave: Jovens e a ciência. Interesse pela ciência. Desafios ambientais. Geração Z. Ensino de ciências.


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