ALUNOS COM TDAH EM ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO: UM ESTUDO SOBRE A APRENDIZAGEM DE CONCEITOS MATEMÁTICOS

CAMILA DA SILVA NUNES

Resumo


O objetivo da pesquisa foi investigar como se constituem os processos de
intervenções pedagógicas, visando à aprendizagem de conceitos matemáticos de
alunos com Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade em Atendimento
Educacional Especializado no município de Gravataí/Rio Grande do Sul. A partir de
uma abordagem qualitativa, realizou-­se um mapeamento no município de Gravataí,
para definir os participantes da pesquisa. Assim, foram identificados 4 alunos,
diagnosticados com o Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade associado a
Deficiência Intelectual em Atendimento Educacional Especializado, matriculados na
rede municipal de ensino. O método predominante foi a análise descritiva
interpretativa, sendo que também se utilizou da análise de conteúdo, para investigar
a percepção das 10 professoras, diante da Educação Inclusiva. Os resultados da
pesquisa evidenciaram que as intervenções pedagógicas na área da Matemática
constituem-­se como um processo de ensino e aprendizagem contínuo e complexo que
envolve múltiplos fatores e agentes de intervenção. Os alunos investigados se
encontram em processo de construção da leitura, interpretação, escrita e conceitos
matemáticos, necessitando de auxílio constante durante as intervenções
pedagógicas. No entanto, verificou-­se que as estratégias de intervenção utilizadas
(jogos pedagógicos, material concreto e tecnologias), potencializaram a
aprendizagem das crianças, por meio do lúdico, fazendo com que elas tivessem um
maior envolvimento nas tarefas propostas, despertando, assim, o interesse pelo
aprendizado. Em relação aos sete processos mentais básicos, para a aprendizagem
Matemática (correspondência, comparação, classificação, sequenciação, seriação,
inclusão de classes e conservação), percebeu-­se que os alunos se encontram no nível
cognitivo pré-­operatório, pois estão construindo as operações lógico-­matemáticas. No
que se refere à resolução de problemas, evidenciou-­se que as maiores dificuldades e
obstáculos envolvem a leitura, interpretação e entendimento da reversibilidade
(operação inversa). Os alunos são capazes de revolver problemas, porém necessitam
ser encorajados e acompanhados, pois, sozinhos, ainda não têm autonomia para
solucionar os problemas matemáticos. Além disso, de um modo geral, evidenciou-­se
uma maior preocupação do Atendimento Educacional Especializado com a
alfabetização e o letramento dos participantes, em detrimento dos conceitos
matemáticos. Neste cenário, as professoras participantes constataram que a falta de
apoio das famílias e a resistência em aceitar o transtorno e a deficiência também
prejudicam o desenvolvimento cognitivo e social dessas crianças. Elas também
destacam que há carência de uma formação continuada e orientações na perspectiva
inclusiva, especialmente em relação à Matemática. No entanto, o Núcleo de Educação
Especial de Gravataí, se posiciona, afirmando que vem realizando formações na área
da Educação Inclusiva, porém em muitas situações a adesão aos cursos de formação
continuada não ultrapassa 10 pessoas. Portanto, infere-­se que a Secretaria Municipal
de Educação (Núcleo de Educação Especial) de Gravataí e as escolas participantes
da pesquisa deveriam estabelecer um diálogo permanente em relação a formação
continuada de professores, assim como, as escolas e as famílias envolvidas, visando
ao desenvolvimento escolar e social dessas crianças, para que elas possam adquirir
a autonomia necessária, para interagir em sociedade.


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