A Construção da Concepção da Cyberformação por Professores e Tutores de Matemática Online na Formação Continuada e na sua Prática: uma análise bourdieana

Lucas Vanini

Resumo


Neste estudo, perseguimos a questão de investigação: “De que forma a construção da concepção de Cyberformação, por parte de tutores e professores de matemática, se mostra na formação continuada e na prática destes, a partir de uma análise bourdieana?” Dessa forma, temos como objetivo investigar como a concepção de Cyberformação é construída por professores e tutores de matemática no decorrer de um processo formativo e na prática docente destes, de forma a evidenciar, a partir de uma análise bourdieana, o processo de construção e vivência de uma concepção de uso de Tecnologias Digitais no ensino e na aprendizagem de matemática. Nesse viés, construímos parte da base teórica desta pesquisa nos fundamentando na concepção de Cyberformação com professores de matemática. A Cyberformação é uma concepção de forma/ação de professores de matemática sustentada pelo constructo teórico ser-com, pensar-com e saber-fazer-com-TD, e condiz com a formação em uma totalidade das dimensões específica (matemática), pedagógica e tecnológica, sob a perspectiva de uso de Tecnologias Digitais como meios que participam ou devem participar efetivamente da produção do conhecimento. Também, embasamos teoricamente essa investigação levando em consideração conceitos defendidos pelo sociólogo Pierre Bourdieu. Com relação aos aspectos metodológicos, produzimos essa investigação considerando a modalidade de pesquisa qualitativa, como sustentação à relação entre visão de conhecimento, visão de mundo e procedimentos metodológicos investigativos. Os dados foram construídos por professores e tutores de matemática, no decorrer da experiência vivida em um curso de extensão, totalmente online, desenvolvido no Ambiente Virtual de Aprendizagem Moodle, baseado nos pressupostos da concepção da Cyberformação e em suas práticas educacionais. A partir desses dados, em consonância com os pressupostos teóricos, foram estabelecidas três categorias de análise, as quais se mostraram pelas dimensões da Cyberformação (matemática, pedagógica e tecnológica). Na primeira categoria identificamos a conservação dos habitus formados pelos participantes da pesquisa anteriormente à própria formação proporcionada, mesmo que as características do meio que os constituíram tenham sido alteradas e/ou transformadas pela concepção da Cyberformação. Isso, de acordo com Bourdieu, refere-se à “histeresis de um habitus”. Na segunda categoria evidenciamos que os participantes mantinham um conflito em falas, ações, práticas e condutas, relacionado àquilo que estavam vivenciando na formação continuada e as suas concepções de ensino, ou melhor, aos seus habitus docentes. Assim, entendemos que esses conflitos se aproximam do conceito de campo, defendido por Bourdieu. Dessa forma, nomeamos a segunda categoria de análise como “Em um Campo Conceptual”. Na terceira categoria, identificamos que os participantes, em alguns momentos da formação, se lançavam à concepção da Cyberformação. Porém, para que isso se estabelecesse, foi necessária uma violência simbólica exercida pela própria concepção em termos teóricos. Assim, chamamos a terceira categoria de análise que constituímos de “Em e a partir de uma violência simbólica”. Dessa forma, esse estudo, desenvolvido segundo pesquisa qualitativa, revela que a construção da concepção da Cyberformação, por parte de tutores e professores de matemática, se mostra em histeresis de um habitus, em um campo conceptual e a partir de uma violência simbólica, e isso revela que há um movimento que se dá consonante à ação de dar forma, pois a forma/ação oferece condições de haver descompassos, desequilíbrios, com maior ou menor intensidade, o que possibilita, ou não, a transformação de um habitus.

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