CROWDLEDGE, LITERACIA CIENTÍFICA-COM-BIG DATA: ESTUDO DE UM AMBIENTE PARA CALOUROS DE ENSINO MÉDIO

Geovani Lopes Dias

Resumo


A presente pesquisa teve como objetivo identificar indícios de interferências na alfabetização/literacia científica decorrentes de interação didático-investigativa com Big Data, da qual participaram discentes calouros de Ensino Médio de uma Escola de Novo Hamburgo/RS. Para identificar esses indícios, realizou-se uma triangulação de métodos quantitativo e qualitativo sobre as avaliações decorrentes de um
experimento com pós-teste unicamente. A variável experimental foi a forma de acesso ao mundo: enquanto a Turma Controle o fez via observação in loco no pátio
da Escola durante a referida interação, a Turma Experimental o fez via análise de software de Big Data. Como fundo teórico tanto de nossas construções didáticas quanto de nossas
interpretações investigativas, lançamos mão da articulação de quatro ferramentais teoréticos. A epistemologia de Bunge, como caracterizadora minuciosa da Ciência, tendo sido ela tão central em nosso estudo; a estrutura conceitual de literacia de
Fives et al., que tanto precisa e concisa nosso foco de ensino quanto alicerça uma das ferramentas analíticas das quais lançamos mão, o SLA (avaliação de literacia científica, em inglês); a ideia de crowdledge de Dos Santos, que dá sentido a este estudo ao versatilizar o desenvolvimento da literacia científica com olhos voltados a fenômenos sociotecnológicos e epistemológicos contemporâneos; e o Construcionismo de Papert, com seus princípios de aprendizagem, que inspiraram
nossas ações educativas. As referidas ações didáticas configuraram-se como investigações discentes de
fenômenos por eles mesmos elegidos para estudo. No caso da Turma Experimental, a forma de interação mundana foi a leitura de gráficos do software Google Trends (que foi base ao nosso ambiente de aprendizagem), os quais plotam o interesse
temporal e regional de termos ou temas pesquisados no Google. No caso da Turma Controle, o placebo de interação com o mundo foi a observação in loco no pátio da escola, como briófitas, fungos ou o que achassem relevante/significativo.
O método quantitativo consistiu na execução do teste t sobre os resultados do SLA, o qual dá indícios sobre a literacia dos respondentes. Essa literacia é configurada sobre uma estrutura conceitual especial construída sobre densa revisão de literatura
da parte de seus desenvolvedores. Já o método qualitativo consistiu de Análise Proposicional de Discurso sobre as construções discentes (relatórios de suas investigações) derivadas da referida interação, análise esta realizada sob a
perspectiva da Análise de Conteúdo de Bardin. O eixo teórico-metodológico se mostra articulado, especialmente, com a estrutura conceitual da literacia inerente ao
método quantitativo sendo ela tanto base interpretativa sua quanto do método qualitativo, além dos demais ferramentais teoréticos citados o serem desse último.Os resultados da triangulação quanti-quali apontam par versatilidades do ambiente de Big Data (na forma como foi ele aqui gerido), bem como a limitações do mesmo, referentemente ao desenvolvimento, em nível introdutório, da literacia científica. Acreditamos que essas versatilidades (especialmente a fertilidade de temas e a condição de desafio ofertados aos discentes) destacam e caracterizam como o uso do referido ambiente, e a própria proposta de Dos Santos em si, se colocam como opção viável ao Ensino de Ciências no tocante à literacia em questão. 


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