ESTUDO DA EMANCIPAÇÃO DE SINAIS MATEMÁTICOS EM LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS E LÍNGUA GESTUAL PORTUGUESA: INQUIETAÇÕES SOBRE UMA EREBAS BRASILEIRA

Henrique Arnoldo Junior

Resumo


Esta  Tese  se propõe a analisar a emancipação de sinais matemáticos em Língua Brasileira de Sinais  (Libras)  e  Língua Gestual Portuguesa  (LGP), isto é, o processo  pelo qual o léxico é reconhecido  e  empregado  pelas  comunidades  surdas.  Além  disso,  investigar  se  ouvintes especializados em línguas de sinais podem estar colonizando surdos e impedindo que estes se emancipem, constitui-se como ação primeira da  Tese. Para atingir tais propósitos, empregouse a Análise Textual Discursiva para obter dois metatextos. O primeiro dialoga sobre Estudos Culturais  e  Visuais  em  Matemática,  problematizando  essa  questão  frente  à  educação  de surdos, cultura, tecnologia e poder. O segundo preocupa-se com o neologismo do léxico da matemática  das  línguas  de  sinais  e  gestuais  no  Brasil  e  em  Portugal.   Além  disso,  resgata alguns momentos da história e dos artefatos matemáticos surdos em ambos os países. E por último,  visibiliza  a  dicionarização  das  línguas  de  sinais/gestuais.  Tomando-se  alguns apontamentos  de  Michel  Foucault,  adotou-se  como  fio  para  as  investigações  a  noção  de contraconduta do filósofo. Nesse condutor, busca-se descrever a identidade surda, a cultura, a criação  de  sinais  matemáticos  no  Brasil  e  dos  gestos  matemáticos  em  Portugal,  tomando  a etnografia  como  opção  teórica  metodológica.  Compete  ao  etnógrafo  entender  como  é  ser  e comportar-se  como  membro  desta  sociedade.  Num  segundo  momento,  em  Portugal,  falar  e ouvir  verdades,  estabelecer  um  jogo  de  falas  francas  sobre  o  ensino  e  a  aprendizagem  da Matemática, em contextos escolares, associação de surdos, universidade, cujos interlocutores possam  dizer  tudo,  dar  opiniões.  Sob  o  contexto  de  Inclusão  Escolar  que  hoje  impera, constatou-se  um  deslocamento  nas  EREBAS  –  Escolas  de  Referência  para  a  Educação Bilíngue de Alunos Surdos,  em Portugal, com pontos de equivalência às EMEBS  –  Escolas Municipais de Educação Bilíngue para Surdos, no Brasil. Como espaços inclusivos de surdos por  concepção,  as  EREBAS  se  reagruparam  com  outras  escolas  e  se  reestruturaram  em espaços integrativos de surdos e ouvintes, com turmas exclusivas de surdos. Constatou-se que as EREBAS não só permitiram agrupar pares surdos, mas possibilitaram visibilizar a cultura surda  entre  os  ouvintes,  bem  constituir  espaços  de  emancipação  do  léxico  matemático. Perspectivas para que se repensem e se potencializem a criação de novas EMEBS no Brasil.

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